A Lenda do "Vale da Lenda"

                                                    I

A lenda remonta a milênios passados.Certo clã de um povo nomada com cultura e hábitos muito próprios, resolve vir explorar caminhos junto da costa Ocidental da Europa.
Percorrendo a parte Sul junto ao mediterrâneo, vão subindo a norte, avistando uma montanha, passam num local, um vale com boas características de clima, terras propícias à agricultura, enfim, era um local especial!
O Xará, o chefe do clã, tomou a palavra e disse:
-É neste vale que assentamos arraiais!

                                                     II

Este clã, cerca de 3 dúzias de elmentos, tinha mais seres femininos do que homens e quase todos eram jovens.
O mais idoso,  o monarca, o chamado Xará, só ele tomava as decisões finais, as regras que regia o clã, ou seja, ele ditava a justiça. Era o número 1 e soberano no clã.
Mas havia também um pormenor no clã, que tratava das relações entre todos, havia uma regra inviolável que era a seguinte: só o Xará praticava a poligamia.
O Xará da sua primeira mulher tinha o seu tesouro mais querido, o seu orgulho e a pérola mais preciosa, sua filha, cujo nome é -Ester- mais conhecida como a Moura.

                                                   III

Ester, a moura, é o mais lindo rosto e a mais bela de todas as mulheres. É uma jovem, alegre e jovial, sendo a mulher mais pretendida dos homens. Contudoo, a moura nunca sentiu atracção por ninguém.
Tinha os seus próprios rituais, uma forma muito própria de ser e estar no clã.
Era chamada a princesinha moura.
Todos a achavam misteriosa, e que era possuidora de certo dom divino, como uma verdadeira deusa.

                                                   IV

O vale na realidade era deslumbrante! Cheio de arvoredo, árvores de imensa qualidades e proporções, o terreno era airoso, mas o principal factor, era o riacho ao longo do vale, onde corria abundantemente água cristalina. Neste vale se instalaram...

                                                   V

Nómadas em sua caravana, depressa e estratégicamente se colocaram em suas posições no vale.
A moura Ester ficou ligeiramente separada do resto do clã.
Situou-se no extremo, na saída em direcção ao riacho, numa tenda própria e com apetrechos que mais ninguém possuia.
A princesinha do clã , tinha um tratamento especial e respeitavam-na como tal.

                                                    VI

Era uma noite de festa!
A noite estava calma,amena e luminoso luar.
Após fogueira feita, foi escolhido entre todo o gado o especial para nessa noite ser grelhado.
A moura nessa noite preparou-se toda, vestindo uma túnica nova, toda branca, fios brilhantes, pulseiras, brincos e um aro dourado na cabeça.
Não para agradar a alguém, mas sim porque gostava de se sentir bonita.
Após reunidos todos os lementos do clã, houve um ligeiro discurso com breves palavras do Xará abençoando o local...
Foi iniciada a festa!

                                                  VII

A festa durou, durou e durou...
Depois de bem comidos e  mais bem bebidos, de se terem divertido cantando e dançando ao som dos seus próprios instrumentos, pararam; e junto da fogueira chegou o momento de fumarem o tradicional "cachimbo de água". Isto como sinbolismo de paz, união e confraternização!

                                                 VIII

A moura não entrava nesse ritual do fumo. Mesmo nisso, ela era diferente!
Sorrateiramente, afastou-se do grupo, descendo o "vale" em direcção ao riacho.
Encontrou e atravessou uma pontezinha e entrou num choupal lindíssimo, que lhe agraqdou bastante e nisto reparou numa pedra de formato e cor como jamais tinha visto.
Instintivamente dirigiu-se e sentou-se na pedra.
Aquele local transformou-se num espaço para ela sagrado, pois passou a ser ritual todas as noites passar lá horas sem fim...

                                                   IX

Nessa noite ela adivinhava que o clã se divertiria até de madrugada.
ela deixou-se estar à luz do luar, de lua cheia com forte luminosidade, sentada na sua pedra e viu que o lugar era paradisíaco.
Após breves instantes, como um cântico de anjos dando as boas vindas, um pássaro rouxinol entoa um canto do mais melodioso e agradável ao ouvido pode ser, como que agradecendo a presença da moura, lhe fazendo companhia.
Passou a haver um laço comum entre a moura e o rouxinol, pois todas as noites lá estavam, fazendo companhia um ao outro.
A moura sentiu aquele espaço como misterioso e como o mais belo místico em que tinha estado.
Sentiu um arrepio em todo corpo, sem saber qual o motivo.
E meditou, meditou, meditou...
Ao romper da aurora quando surgiram os primeiros raios de sol ela se retirou...

                                                   X

A moura começou a ter como hábito ao anoitecer, retirar-se do clã e dirigir-se ao seu local.
Atravessava a pontezinha, entrava no choupal e logo ouvia o rouxinol entoando seu cântico melodioso de boas vindas, e como com alegria transmitindo e agradecendo a presença de sua fiel companhia, a moura.
Ela como sempre, e digamos que como instintivamente, lá se sentava em sua pedra e meditava...
Retirava-se sempre  tarde. A maior parte das vezes só na aurora, ao amanhecer.
Era o seu rito sagrado.

                                                    XI

O clã do Xará regia-se por certa regras:
- Náo digas tudo o que sabes! Quem diz tudo o que sabe, pode dizer o que não convém!
- Não acredites em tudo o que ouves! Pois quem crê tudo que ouve, julga o que não vê!
- Não faças tudo o que podes!... Por vezes fazes o que não deves!
   Além destas normas haviam três regras e valores bases na conduta do clã:
                   - Não roubar!
                   - Não mentir!
                    - Não ser preguiçoso!
                                                       
          
                                                      XII
Ester, a moura gozava de alguns privilégios, pois não cumpria totalmente as regras, nem tomava parte em todos os rituais do clã.
Tinha o seu próprio ser e estar na comunidade.
Isto claro, porque como filha do Xará, com uma relação saudável ele permitia-lhe certas condições e liberdades a sua filha que era o seu maior tesouro.

                                                      XIII
Certo dia o Xará dicide chamar a sua filha Ester e diz-lhe:
- Querida filha tenho um mistério, ou seja, um segredo desconhecido de todos. É só meu e só a ti te o vou revelar. Segue-me...
Levou então a moura, a um abrigo onde estava uma carroça coberta. Destapou-a e estava lá um enorme baú.
Abriu o baú e a moura não queria acreditar, seus olhos brilharam com um brilho intenso, "reflexo" da enorme quantidade de ouro, que brilhava e reluzia, enormes quantidades de pedras preciosas, fios, pulseiras, coroas em ouro e diamantes brilhantes de todas as espécies e feitios! A moura sentiu-se com a maior riqueza do mundo!
                                                        
                                                          XIV
Como hábito, a moura diariamente ia junto da sua égua puro sangue Luso-Árabe. A égua toda ela negra, d
um brilho negro aveludado e bem estimado.Seu nome era Titã.Era só sua, mais ninguém a montava.
Ela montava a Titã sem qualquer apetrecho, e então cavalgava incessantemente pelo vale, percorria distancias enormes e atravessava sempre a margem junto a uma cascata.
Ia a tamanhas distàncias longínquas, que mais ninguém fôra, regressando só quando ambas estavam fatigadas...
                                                             XV

Naquela noite, o clã todo dormia e ela como sempre dirigiu-se ao riacho.
Ao atravessar a ponte, e entrar no choupal sentiu algo diferente... Sentiu um arrepiu... Seu coração batia fortemente.
Ela desconhecia a razão. Sentia seu coração batendo cada vez mais forte ao sentar-se na sua pedra.
O canto do rouxinol era um chilrear de forma diferente com uma melodia de enfeitiçar e como se transmitisse uma enorme alegria.
Era um canto alegre de felicidade. Ela a moura sentia que algo diferente estava para acontecer...
Olhava fixamente a lua cheia e sentia que até no seu brilhante luar, algo lhe transmitia que o mistério rondava por ali... Seu coração batia fortemente como cavalgando...
                                                                
                                                               XVI

Seu coração continuava batendo fortemente!!!
O rouxinol entuava cânticos de alegria e felicidade.
...
Repentinamente, sente o galopar de um cavalo.
Desconhece se é o seu coração sentindo e batendo cavalgando.
De repente como pura ilusão, surge mesmo junto a si, um enorme cavalo branco, levantando as patas dianteiras, montado por um jovem também com uma farda branca.
Fitaram-se por vários momentos em silêncio, como que enfeitiçados...
Era totalmente um ambiente celestial...
 
                                                           XVII

No brilhante luar ainda em silêncio... Olharam-se olhos nos olhos enfeitiçados...!!!.
Ela estava como paralisada.Ele olhava-a vestida de túnica branca e pensou nunca ter visto um rosto tão bonito, figura tão fina, com traços tão perfeitos, cabelos longos, lisos e sedosos em tom negro, uns olhos tão exprecivos e encantadores que não sabia que dizer, não encontrava palavras...
Limitou-se a dizer:
           - EU SOU O JOB.
. Ela também ao ouvir a sua voz suave, ternurenta e meiga a muito custo lá pernunciou:
            - EU SOU A ESTER.

                                                               XVIII

Após se olharem com infinita ternura, de se acariciarem lentamente, foram tirando um ao outro, uma a uma todas as peças de roupa.
Dando razão à sua fulminante atracção cheia de paixão que sentiram à primeira vista, amaram-se desenfreadamente!!!.

                                                              XIX


Nessa noite brilhante, após se amarem, galoparam com os seus cavalos, levando com eles a carroça do tesouro. Assim a moura renega a sua raça, trai seu pai, e abandona seu vale correndo atrás de seu SONHO LINDO!.

                                                              FIM
 Autor da Lenda: João C. Gaspar  "JOKA"