quarta-feira, 12 de maio de 2010

Poema

Saudade

Saudade, saudade! Palavra tão triste,
E ouvi-la faz bem:
Meu caro Garrett, tu bem na sentiste,
Melhor que ninguém!
Saudade da Virgem de ao pé do Mondego,
Saudades de tudo:
Ouvi-las caindo da boca dum cego,
Dos olhos dum mudo!
Saudades D. Aquela que, cheia de linhas,
De agulha e dedal,
Eu vejo bordando Galiões e andorinhas
No seu enxoval.
Saudade! e canta na torre deu a hora
Da sua novena:
Olhai-a dá ares da Nossa Senhora,
Quando era pequena.
Saudade! Saudades? E ouvide que canta
E sempre a bordar
Que linda! Quem canta seus males espanta
E eu vou-me a cantar...

De António Nobre

12/05/2010
Paula Cruz
José Pereira

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